


Atlanta.
Em Valley, uma cidade quer recuperar uma fábrica abandonada. Esta encontra-se na charneira entre a cidade e o rio e é esse o horizonte que se propõe. O encontro com o lugar. A fábrica está onde toda uma cidade se lança no encontro com rio, que ali se vê suspenso no largo arco de um dique. Toda a respiração se sustém. A Georgia fica do outro lado. Um derradeiro olhar lançado ao céu. As ilhas são cenários para as histórias mais fantásticas: estão impregnadas de arrebatadas tragédias humanas - prerrogativas de qualquer lugar maravilhoso. Os sentidos enevoecem.





No canto, um carvalho vivo (live oak) cresce, do lado em que começa a Universidade. Diz-se que as estufas da Universidade têm outros tantos carvalhos a serem desenvolvidos para substituir o do Toomer's Corner, caso alguma coisa lhe aconteça. Esta é o epicentro da celebração.
O acontecimento dura pouco mais de uma hora. A ideia de espaço público é frágil por estas paragens: dura pouco para que volte a ser novamente um mero espaço funcional.

Dizem que a primeira tentativa de ocupação humana permanente [europeia] da região foi de iniciativa francesa (o que é coerente com a questão do amaricado). Estes construiram a sua colónia perto de onde posteriormente surgiu Mobile e um porto-forte junto à entrada da baía (ora bem, na ilha em questão). [Depois os franceses terão descoberto o Mississipi, como entrar nele e as suas maravilhosas potencialidades (uma bacia hidrográfica muito maior, uma navegabilidade impressionante, Nova Orleães, Louisiana, enfim, o paraíso de qualquer companhia de tranporte fluvial francesa). Passaram a investir mais daquele lado, abandonando a baía de Mobile. Depois cansaram-se do Sul do Golfo do México, consequência da cansativa guerra do toma-lá-dá-cá com os espanhóis - passou tudo para os espanhóis (os franceses ficavam-se pelo Québec). Virou americano, eventualmente.]
Dauphin Island é uma língua de areia meia dúzia de pés acima da água, no seu ponto mais alto. Tem árvores que seguram todo o sistema. É ponto extremo da baía de Mobile, o que não é assunto de somenos importância: é aí que a passarada que desce pelas correntes encanadas pelo vale do Mobile aterra, antes da etapa pesada da travessia do Golfo do México, nas suas anuais viagens migratórias. É aí a sua primeira possibilidade de terra firme no percurso de sentido contrário. Por isto, existe um "Audubon Bird Sanctuary", que é como quem diz, uma mata non aedificandi. Dizem que os pássaros enchem os céus durante umas semanas e que daí caiem sobre a ilha, por falta de forças para aterragem mais suave. No meio de toda esta história, existem miríades de pequenas casas suburbanas encavalitadas debaixo das árvores, por de trás das dunas, sobre a praia, sobre a água. Vem um furacão e lava metade. Deligentemente, limpa-se, constrói-se novo mamarracho. O homem tem imbecilidades deliciosas.
É em Dauphin Island o local do meu projecto este ano. Programa misto, habitação de baixo-custo, sustentabilidade económica e ambiental. Mais um mamarracho.
... é o equipamento urbano que permite desviar o trânsito pedonal da via pública, para não atrapalhar os carros.



in "The Auburn University Walking Tour Guide" R. G. Millman
Auburn.

Auburn.
Já não me posso dizer um inconformado: recebi o meu primeiro ordenado.
(Bom, na realidade foi só meio ordenado. Meio ordenado! Nem tudo está perdido. Vendido ao sistema, mas devagarinho.)
(Bom, na realidade foi só meio ordenado. Meio ordenado! Nem tudo está perdido. Vendido ao sistema, mas devagarinho.)

O último piso é iluminado por uma luz natural, indirecta, uniforme, impessoal. O resto do edifício é isso mesmo, um vasto espaço anónimo onde as peças se encontram suspensas na impessoalidade de um branco minimalista.
Atlanta.
E as luzes do estádio já estão ligadas.